quarta-feira

Na abertura da Assembleia da ONU, Dilma exalta papel feminino na política

Presidente é a primeira mulher a fazer discurso de inauguração do evento.

Tradicionalmente, cabe ao chefe de Estado brasileiro abrir a reunião.

dilma (Foto: G1) 
A presidente Dilma Rousseff, durante discurso de
abertura da 66ª Assembleia Geral das Nações
Unidas, em Nova York. (Foto: Divulgação/ONU)
A presidente Dilma Rousseff afirmou que representa "a voz da democracia" ao abrir o Debate Geral da 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Ela é a primeira mulher a fazer o discurso de inauguração do evento, que, por tradição, cabe ao chefe de Estado brasileiro em razão de o Brasil ter sido o primeiro país a aderir ao organismo internacional, em 1945.
"Pela primeira vez na história das Nações Unidas, uma voz feminina inaugura o debate geral: é a voz da democracia", disse, sendo aplaudida logo depois. "Divido essa emoção com mais da metade dos seres humanos de que esse será o século das mulheres.  Na língua portuguesa, palavras como vida, alma e esperança pertencem ao gênero feminino e são também femininas", completou.
A presidente abriu e fechou sua fala na tribuna das Nações Unidas exaltando o papel feminino na sociedade e seu reflexo na representação política. "Além do meu querido Brasil, sinto-me aqui hoje representando todas as mulheres do mundo: aquelas que passam fome e não podem dar de comer aos seus filhos; aquelas que sofrem violência e são discriminadas no emprego e na vida familiar; aquelas que ousaram e conquistaram espaço de poder que me permite hoje estar aqui", disse. "Como mulher que sofreu tortura no cárcere, sei como são importantes os valores de direitos humanos, da democracia", completou.
A presidente afirmou lamentar ainda não poder saudar o ingresso pleno da Palestina na ONU. "O Brasil já reconhece o Estado palestino como tal", disse. "Assim como a maioria dos países desta assembleia, acreditamos que chega ao momento de termos a Palestina aqui representada."
A presidente também disse demonstrar preocupação com a crise econômica internacional. " A ONU precisa emitir com a máxima urgência sinais claros de coesão política e macroeconômica. Há sinais evidentes de que várias economias avançadas se encontram no limiar da recessão", afirmou. "Essa crise é seria demais para que seja administrada por uns poucos países."
Em seu discurso, Dilma exaltou o papel de seu governo em contornar as turbulências da economia internacional. "Mantemos gastos do governo sob rigoroso controle sem que isso comprometa o êxito das políticas sociais nem nosso ritmo de crescimetno e investimento."
Dilma foi aplaudida também em outra oportunidade, ao defender a reforma dos assentos no Conselho de Segurança da ONU. "[A orientação do conselho] será tão mais acertada quanto mais legítima forem suas decisões, a legitimidade depende cada vez mais de sua reforma. A
falta de representatividade no Conselho de Segurança corrói sua efetividade. O mundo precisa de um conselho de segurança que venha refletir a sociedade contemporânea", disse.

Na noite de terça-feira (20), Dilma também abordou a crise em discurso para cerca de 300 convidados em um jantar onde recebeu o prêmio de Serviço Público oferecido pelo instituto americano Woodrow Wilson, em Nova York. Ela afirmou ter "imensa preocupação" com as turbulências econômicas nos países desenvolvidos, mas destacou que o Brasil apresenta "fundamentos sólidos" para enfrentar esta "nova fase" da crise mundial.
"Externo imensa preocupação com países desenvolvidos no que se refere não só aos efeitos da crise econômica, mas também aos efeitos sobre a sociedade, principalmente sobre os efeitos que o desemprego produz."
Reuniões
Antes de discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas, a presidente teve uma breve audiência com o secretário-geral do organismo internacional, Ban Ki-moon.

Ao longo da tarde desta quarta, Dilma terá reuniões bilaterai, pela ordem, com o premiê do Reino Unido, David Cameron, com os presidentes da França, Nicolas Sarkozy, do Peru, Ollanta Humala, e da da Colômbia, Juan Manuel Santos. De acordo com o Planalto, mais de 40 países pediram audiências com Dilma. Devido à agenda apertada, a presidente precisou selecionar.
O presidente dos EUA, Barack Obama, e a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, chegam a evento sobre governo aberto nesta terça-feira (20) em Nova York (Foto: AP)O presidente dos EUA, Barack Obama, e a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, chegam a evento sobre governo aberto nesta terça-feira (20) em Nova York (Foto: AP)
Líbia
Além de tratar da criação de um Estado Palestino, líderes dos mais de 190 países integrantes das Nações Unidas irão debater o futuro político da Líbia, que vive uma guerra civil desde fevereiro deste ano, quando grande parte da população se rebelou contra a ditadura de 42 anos do coronel Muhammar Kadhafi.

A ONU deverá decidir se apoia formalmente o Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio, formado pelos rebeldes que lutam contras as forças de Kadhafi. A tendência é de que as Nações Unidas defendam que o CNT assuma o poder provisoriamente e organize eleições.

Da Redação com G1

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