sexta-feira

Após um mês, menina arrastada por correnteza na serra relembra a cena

Luisa, de 11 anos, não sabia nadar e enfrentou correnteza em Bom Jardim.
Ela estava acompanhada da irmã, de 17 anos, e de uma amiga, de 10 anos.

Maristela e Luísa relembram o resgate após um mês (Foto: Tássia Thum/G1)
 
Maristela e Luísa relembram o resgate após um
mês (Foto: Tássia Thum/G1)
Um apartamento emprestado por parentes é a nova moradia das irmãs Laura e Luisa Bocayuva, arrastadas pela correnteza durante a enxurrada que ocorreu em janeiro em Bom Jardim, na Região Serrana do Rio.
O bairro onde moravam, Campo Belo, foi um dos mais atingidos pela chuva. Um mês depois do temporal, as ruas estão cobertas de lama, com postes quebrados e sem serviços básicos – como luz e telefone.
Laura, de 17 anos, Luisa, de 11, e a amiga Gabriela, de 10 anos, estavam em casa quando o Rio Grande transbordou e alagou a residência. A água deixou casas submersas, apenas com o telhado para fora.
Bote do resgate virou
As meninas foram salvas pelo Corpo de Bombeiros, mas o bote em que estavam virou. Em meio a correnteza, elas tiveram que se agarrar a árvores e enfrentar as ondas para sobreviverem.

Luisa, que nunca tinha visto o mar e não sabia nadar, conseguiu driblar o medo da água e se esforçou para chegar até um ponto seguro. “Até agora não sei como consegui fazer isso. Me disseram que a velocidade da água chegou a 100 KM/ hora, não sei se isso é verdade. Acho que foi coisa de Deus mesmo, não era a minha hora”, relembra a estudante.

O resgate foi filmado por vizinhos e até postado na internet. Luisa conta que só conseguiu assistir a cena uma vez.
(Veja o vídeo do resgate ao lado)
“Por onde passo, seja na escola ou na rua, todo mundo comenta das imagens e fica me perguntando como foi. Mas prefiro não lembrar esse momento porque foi muito tenso. Eu me separei da minha irmã e fiquei com medo que o pior acontecesse”, relata.
Imagem de vídeo postado na internet mostra as meninas enfrentado a correnteza (Foto: Reprodução/internet) 
Imagem de vídeo postado na internet mostra as
meninas enfrentado correnteza (Foto: Reprodução)
A mãe das meninas, a dona de casa, Maristela Tardin, diz que desde o episódio não consegue dormir direito.
“Parece que agora é que a minha ficha está caindo. Eu não durmo mais direito, fico apavorada, a imagem das minhas filhas arrastadas fica na minha cabeça. Também tenho pesadelo com casas pegando fogo, enfim é complicado”, comenta a dona de casa.
Prejuízo causado pela chuva
Muros destruídos, barro e lama ainda cercam o bairro Campo Belo (Foto: Tássia Thum/G1) 
Muros destruídos, barro e lama ainda cercam o
bairro Campo Belo (Foto: Tássia Thum/G1)
Maristela está morando com a família no apartamento de uma tia, no Centro, de Bom Jardim. Ela ainda não conseguiu contabilizar os prejuízos causados pela chuva. A água destruiu eletrodomésticos, móveis e paredes. Voltar para a casa antiga é um sonho que pode levar meses.
“Ainda não dá para precisar quanto tempo é preciso para reconstruirmos a casa. Foram perdas materiais importantes e as próprias concessionárias ainda não sabem quanto tempo vão levar para normalizar o abastecimento”, conta Maristela.

Da Redação com G1

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