Rio -
O presidente da Associação de Moradores do Bairro Barcelos (Amabb), na
Rocinha, Zona Sul do Rio, Vanderlan Barros de Oliveira, conhecido como
Feijão, 41 anos, foi assassinado na tarde desta segunda-feira, por volta
das 15h40. O líder comunitário foi atingido por cinco tiros, todos
pelas costas, na Travessa Altemar, na localidade conhecida como Via
Ápia. Feijão tinha acabado de sair da associação e andado cerca de 50 m
em direção
a Rua dos Boiadeiros quando um homem em uma moto passou atirando. O
líder comunitário não resistiu aos ferimentos e morreu em frente a uma
loja de roupas.
Antes de efetuar os disparos, o autor
dos tiros entrou na associação e perguntou para a recepcionista se o
líder comunitário se encontrava no local. Ao ouvir da funcionária que o
presidente da associação estava em uma reunião, o homem foi embora.
Feijão, então, deixou a Amabb e, enquanto manobrava uma moto, o
assassino passou atirando.
De acordo com a advogada do líder comunitário, Jaqueline Costa, a moto que Feijão manobrava, placa LPY 7716 não era dele.
Familiares de Vanderlan estão no local, mas não quiseram dar
declarações. O corpo foi retirado do local às 18h50. O Batalhão de
Choque isolou a Travessa e a Delegacia de Homicídios assumiu as
investigações e realiza perícia na moto utilizada por Feijão. De acordo
com o delegado titular da
especializada,
Rivaldo Barbosa, Feijão foi morto com pelo menos um tiro na cabeça.
Testemunhas estão sendo encaminhadas à DH para prestarem depoimento.
Duas empresas em nome de Feijão foram alvos de investigação | Foto: Reprodução
Acusação de lavagem de dinheiro
No último dia 7 de março,
O DIA noticiou que o líder
comunitário se sentaria no banco dos réus no dia 03 de maio, às 10h, sob
a acusação de ‘lavar’ dinheiro para o traficante Antonio Francisco
Bonfim Lopes, o Nem, que também é réu no processo. Além deles, irão a
julgamento a sogra do traficante, Maria das Graças Rangel, e o irmão de
Feijão, o taxista Telmo de Oliveira Barros.
Os quatro são acusados de movimentar R$ 1,2 milhão durante os dois anos
em que foram investigados pela Polícia Civil. Entre compra de carros e
rendimentos em empresas do grupo, foram mais de R$ 2 milhões, de acordo
com processo que corre na 29ª Vara Criminal. Apenas Nem está preso.
Segundo denúncia do Ministério Público,
Feijão usaria suas contas correntes para ‘branquear’ o dinheiro ilícito
e ‘quitar débitos pessoais de Nem’, como a compra de eletrodomésticos.
Ainda de acordo com as investigações, o grupo teria usado 29 contas
bancárias no esquema de lavagem de dinheiro do tráfico. Duas empresas
foram investigadas: a V. Barros Oliveira Comércio de Acessórios para
Veículos Ltda e a WC Comércio de Gelo Ltda. As empresas seriam de Telmo e
Feijão. Uma terceira empresa, no nome de Maria das Graças, também foi
investigada.
Ainda de acordo com o processo, o capital social de uma das empresas
saltou de R$ 20 mil, em 2008, para rendimentos de R$ 344 mil, em 2010,
conseguindo uma valorização de 1.600%. A sogra de Nem, além da
movimentação empresarial, teve monitorada a compra de um EcoSport
avaliado em R$ 50 mil.
O líder comunitário também era réu em um outro processo, desta vez na
40ª Vara Criminal, onde respondia, junto a outras cinco pessoas,
incluindo o traficante Nem, pelos crimes de lavagem ou ocultação de bens
e formação de quadrilha.
Comunidade ganha reforço de 130 policiais
A Rocinha ganhou, na última sexta-feira, o reforço de 130 novos
policiais. Segundo o coronel Frederico Caldas, relações públicas da PM,
os militares são recém-formados e vão permanecer na comunidade por tempo
indeterminado realizando estágio prático.
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
"Esse reforço se deu por conta de estudo pedido pelo Estado Maior, que
verificou um aumento na circulação de pessoas na Rocinha e viu a
necessidade de colocar mais policiais nas ruas, no contato direto com a
população", disse Caldas, que também relacionou a chegada do reforço aos
recentes episódios de violência na Rocinha. "Ainda temos muitos
marginais do terceiro escalão na Rocinha", completou.
Os 130 militares, sendo 46 mulheres, estarão no reforço ao trabalho
atual do Batalhão de Choque (BPChoque), Batalhão Florestal, Regimento de
Polícia Montada e 23ºBPM (Leblon), que participará do policiamento do
entorno de forma mais efetiva. Ao todo, 300 policiais serão responsáveis
pela segurança na região.
Foto: Severino Silva / Agência o Dia
A Favela da Rocinha está ocupada pela polícia desde novembro. Ainda não
há previsão para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora
(UPP) na comunidade.
Apenas na última semana, oito suspeitos foram presos. Sete pistolas,
três revólveres e três granadas foram apreendidas. No fim da noite de
terça-feira, uma troca de tiros na assustou moradores na favela. Na
madrugada de segunda, três homens foram mortos a tiros e um foi baleado
durante confronto entre suspostos bandidos na comunidade.
Rafaela Soares com ODia